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Mostrando postagens de janeiro, 2018

A riqueza de poucos beneficia a sociedade inteira?

Texto inspirado na proposta de redação da Unesp 2017, cujo tema foi " A riqueza de poucos beneficia a sociedade inteira? ".  Desde o início da colonização do Brasil, a luta de classs proposta por K. Marx é visível: escravos e latifundiários, burguês e proletariado, político e civil. Nessa perspectiva, torna-se claro que a riqueza de poucos não beneficia a sociedade inteira. Ao contrário, torna extrema a desigualdade. Rousseau, ao afirmar que "a propriedade privada é a semente da desigualdade entre os homens", torna explícito que aqueles detentores de grande parte do capital possuirão privilégios muito além do que o indivíduo que possui o mínimo. Dessa forma, é tão comum casos como falta de alimento, saúde e saneamento básico em áreas marginalizadas, enquanto há o excesso desses recursos em locais elitizados. Em consequência desses modos de vida tão distintos, a ascensão social torna-se quase que utópica para o indivíduo da classe menos favorecida. As

Ah, as expectativas!

É um tanto cômico como planejamos cada mínimo detalhe de nossas vidas como se essa, na realidade, não fosse um mar de imprevisões. E é. Passar na universidade x, falar três idiomas até os 20, casar-se com alguém da mesma profissão. A vida é aquilo que passa despercebido aos nossos olhos enquanto estamos planejando o futuro que, por muitas vezes, foge ao nosso controle. Talvez por isso as decepções sejam tão complicadas: expectativas nos fazem ter certeza de algo improvável. E ah, as expectativas! Elas nos fazem enxergar amor onde não há, brilho no lugar da escuridão. Elas nos cegam quando não controladas. Após isso, como que discretamente, a realidade aparece para quebrar essa idealização. E como!

Empatia superficial: a face do século XXI

Texto inspirado na proposta de redação da Unesp 2016, cujo tema foi "Publicação de imagens trágicas: banalização do sofrimento ou forma de sensibilização?".  Ano a ano, as redes sociais são "bombardeadas" por imagens trágicas acompanhadas de enormes textos redigidos por indivíduos que se dizem indignados. Entretanto, o modo como tornou-se comum esse ato, proporcionou não mais a sensibilização diante do fato, e sim, a banalização do sofrimento. Ao estar diante de mídias que expressam o horror, cria-se uma empatia superficial. Não há, na maioria dos casos, interesse real em ajudar ou mudar o que é retratado, apenas ser sensibilizado por alguns minutos e, por meio do compartilhamento, fortalecer um ativismo que não se estende para além do ambiente virtual. Desse modo, de acordo com a afirmação de Kant, na qual "O homem é aquilo que a educação faz dele", ao tornar comum a divulgação de imagens violentas, não somente é banalizado o ato, mas educa-se

Carta a uma ex amizade

Querido, Ou talvez não tão querido assim, já que não éramos muito de demonstrar afeto. Os pingos de chuva ecoam pela janela do meu quarto, e a música que toca através do alto falante talvez demonstre tudo o que eu não te disse. Até agora. A verdade é que eu segui em frente, e você também. Até mais rápido do que imaginávamos, talvez. Você fez outras amizades, eu permaneci focada nos estudos. A propósito, eu ainda me lembro do quanto disse que eu deveria priorizar mais as relações do que o vestibular para que não perdesse a cabeça. Infelizmente, eu só me dei conta dos excessos depois que tive a certeza que te perdi. Perdi o direito de te procurar quando as coisas apertavam por aqui ou de te ajudar quando tudo complicava aí. E doeu. Doeu a falta de presença, a ausência de palavras e a despedida, que na realidade, nunca tivemos. Apesar dos pesares.

A modernidade líquida como propagador de fronteiras

Texto inspirado na proposta de redação da Fuvest 2009, na qual o tema foi Fronteiras, e possibilitava ao candidato desenvolver o texto abordando tanto o aspecto físico quanto abstrato da palavra.  Bauman, em "Modernidade Líquida", faz críticas sobre o papel que as redes sociais assumem ao serem ferramentas que tanto aproximam iguais, quanto afastam diferentes. Nessa perspectiva, essas fronteiras psicológicas impedem que mentes divergentes se relacionem, uma vez que desfazer amizades tornou-se tão fácil. Francisco, logo ao assumir como Papa, concedeu uma entrevista a um ateu. O fato chocou a mídia. Entretanto, em meio a uma sociedade que tanto "veste" rótulos através de movimentos e ideologias, a exemplo do conservadorismo, mostrou que é possível a convivência entre pensadores distintos. Por um outro lado, a crescente onda do extremismo em escala mundial, e observado tanto em movimentos de esquerda quanto de direita, expande as barreiras para além das red

Pai

Melhor do que qualquer presente do mundo, às vezes, são as palavras. Palavras ocultas, palavras não ditas, palavras não demonstradas, palavras que a rotina corrida, a pressão por querer passar na universidade dos sonhos, e o cansaço após um dia todo de estudos, não deixam transparecer. Assim tem sido. Como duas pessoas que se opõem podem, ao mesmo tempo, se parecer tanto? Eu me vejo em você quando não se contenta com pouco, quando se recusa a aceitar tantos absurdos sociais, quando é determinado para conquistar aquilo que quer. E eu vejo você em mim desde a cor do cabelo, dos olhos, e até quando fecho a cara. Acabei aprendendo de uns tempos pra cá que o envelhecimento não só proporciona mais responsabilidades, mas também, o entendimento maior sobre a importância da família. (...)  Agora, eu rezo todas as noites pela proteção de cada um de vocês. Texto escrito e enviado durante o Dia dos Pais, em 2017. 

Amor tem que ser leve

Amor tem que ser leve,  amor leva um tempo até ser amor.  E antes de ser amor,  tem que ser amizade, companheirismo. Antes de ser amor, é conversa,  é toque, é sintonia.  Um "boa noite, se cuida", "até mais".  É dizer que se importa.  Antes de ser amor,  é somente ser.  Ser amigo, ser companhia.  Ser quem fica,  depois de todos os defeitos.  E ser é amar.  Leve e com o tempo.  Amor.